Simone Ferreira
CRP: 05 I 33067
Autoestima
Autoconhecimento
Qualidade de vida

Abordagem Cognitivo-Comportamental (TCC) integrada à Terapia do Esquema (TE)

O que é TCC?

A Terapia Cognitivo-Comportamental ou TCC como é conhecida, trata-se de uma abordagem objetiva, de curta duração (salvo casos de transtornos de personalidade), focada na resolução de problemas atuais do paciente. Existe hoje, uma variedade de modelos que fazem parte da TCC, entre elas: a Terapia do Esquema, Terapia Racional-Emotiva-Comportamental, Terapia Cognitiva Interpessoal, Terapia de Resolução de Problemas, Terapia Comportamental Dialética, entre outras.

Desenvolvida pelo Psiquiatra Aaron Temkin Beck no início dos anos 60, a TCC vem se destacando e evoluindo ao longo dos tempos, porém, sua base é de natureza experimental e científica associada a Neurociências. Aaron Beck ao estudar e pesquisar pacientes deprimidos verificou que a cognição (processo de aquisição de conhecimento que se dá através da percepção, atenção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, associação, pensamento e linguagem) destes, apresentava uma distorção acerca do que eles acreditavam em relação à “visão de si mesmos”, “do mundo” e “do futuro”, ao qual nomeou de “Tríade Cognitiva”.

Percebendo que essa visão negativa alterava suas emoções e comportamentos e que estas distorções tinham base na infância, Beck atuou com a TCC de forma a corrigir essas distorções cognitivas e consequentemente tratar a depressão. Tendo sua pesquisa e eficácia comprovada e validada cientificamente, o tratamento foi estendido para outros transtornos e atualmente é uma das abordagens mais indicadas pelos médicos piquiatras e neurologistas para o tratamento de diversos transtornos, em função de seu respaldo científico.

“Se nosso pensamento fica atolado de significados simbólicos
distorcidos, pensamentos ilógicos e interpretações erradas, nos
tornamos, de verdade, cegos e surdos.” (Aaron Beck)

“As crenças que temos sobre o mundo, sobre nós mesmos e
sobre o futuro, determinam o modo como nos sentimos: o que
e como as pessoas pensam afeta profundamente o seu
bem-estar emocional” (Aaron Beck)

Através de técnicas psicoterapêuticas e ferramentas específicas utilizadas pelos terapeutas Cognitivo-Comportamentais, é possível o reconhecimento dos nossos “pensamentos automáticos”, que são de fundamental importância na abordagem TCC, ou seja, aqueles pensamentos rápidos, intrusivos ou ruminantes que na maioria das vezes são negativos ou obsessivos e que nos causam grande desconforto e desequilíbrio, uma vez que não conseguimos identificá-los e menos ainda controlá-los, consequentemente levando o paciente a quadros de depressão, ansiedade e diversos outros transtornos.

À medida que entendemos que é possível monitorarmos a nossa cognição, fica mais fácil percebermos o quanto esses pensamentos influenciam nossos sentimentos e comportamentos (que podem se revelar funcionais ou disfuncionais), alterando nosso humor e visão da realidade.

A TCC atua de forma “Psicoeducativa”, ou seja, um de seus princípios é levar o paciente a compreender seus problemas, transtornos ou conflitos de maneira simples e elucidativa. Para tanto, o terapeuta Cognitivo-Comportamental pode utilizar sugestões de livros, vídeos, artigos, exemplos do cotidiano, tarefas, entre outros recursos inerentes à abordagem. Podemos dizer que trata-se de uma abordagem focada essencialmente na prática por ter caráter objetivo, enquanto que outras abordagens possuem um foco mais subjetivo.

A relação terapêutica na TCC também é diferenciada em relação às outras abordagens, sendo mais próxima e humanizada em relação ao paciente, sem no entanto, exceder os limites da ética psicológica.

Terapia do Esquema integrada à TCC:

A Terapia do Esquema (TE) é um modelo de psicoterapia cognitiva desenvolvida por Jeffrey Young, que tem como proposta tratar pacientes com transtorno de personalidade ou aqueles que não respondem ao tratamento com a TCC clássica, ou seja, pacientes mais rígidos ou que não aderem à abordagem cognitiva padrão. Para tanto, a TE utiliza elementos de várias outras abordagens como a Gestalt, Teoria do apego, Psicodinâmica e da própria TCC proposta por Beck.

De acordo com Young, esquemas são “estruturas fundamentais” que geram a interpretação dos eventos, ou seja, o produto o qual ficou “gravado” da nossa experiência consciente desenvolvida na infância. Estes esquemas iniciais desadaptativos desenvolvido através da relação da criança com as figuras parentais ou cuidadores (pai, mãe, avó, babá, etc.) se perpetuam na idade adulta, pois acreditamos que ainda precisamos atuar dessa forma para nos defendermos de algo. Estas defesas são chamadas de “Estratégias de Coping”, que permeiam nossos relacionamentos e tão logo alguém que nos relacionemos dispare algum “gatilho” que nos remeta a algum esquema desadaptativo, manifestamos pensamentos e comportamentos disfuncionais, não nos dando conta que são extremamente danosos aos relacionamentos sociais e afetivos, assim como em diversas áreas da nossa vida, causando grande sofrimento a nós mesmos e/ou as pessoas que convivem conosco. 

O tratamento:

A partir da “conceitualização do caso do paciente” devidamente realizada pelo psicoterapeuta Cognitivo-Comportamental, é possível a identificação de fatores que desenvolveram e que mantêm esses esquemas. A partir daí, o psicoterapeuta desenvolve um plano de tratamento personalizado para cada paciente.

Na primeira parte da psicoterapia, o terapeuta identifica os esquemas desadaptativos presentes no paciente através de ferramentas da Terapia do Esquema, levando-o a entender que esses esquemas têm relação com os problemas do presente e como se formaram na infância.

A segunda parte do tratamento consiste na mudança dos esquemas desadaptativos para comportamentos mais adaptativos e funcionais, utilizando técnicas psicológicas específicas.

A terceira parte do tratamento consiste em técnicas de manutenção dos novos comportamentos, onde o paciente é treinando para que seja capaz de identificar os disparadores (gatilhos) de seus esquemas desadaptativos que prejudicam suas relações, para que desta forma consiga administrá-los frente aos eventos ameaçadores para o indivíduo .

Independentemente da abordagem terapêutica escolhida, faz-se necessário o envolvimento ativo do paciente em sua recuperação e resolução de problemas, pois ele precisa estar comprometido com a modificação dos seus estados emocionais e comportamentos, estando aberto ao autoconhecimento e entendendo que o sucesso do tratamento se constitui na parceria entre o terapeuta e o paciente.

Referências:

- BECK, J. Terapia cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. 
- Site ATC-Rio. Disponível em: <http://atc-rio.org.br>. Acesso em: 01 fev 2018. 
- YOUNG, J. Terapia cognitiva para transtornos de personalidade: uma abordagem focada nos esquemas. Porto Alegre: Artes Médicas, 2003.

Fonte das fotos:

  • beckinstitute.org/get-informed/blog
  • schematherapysociety.org/ISST